sexta-feira, 11 de março de 2016

Comer, Orar, Amar



Tenho o privilégio, de uma vez ou outra, de ser embrenhada por pessoas cuja histórias de vida são extraordinárias. Pessoas que só pela sua aura me enchem o coração e só pela sua ternura, no seu andar vagaroso que a vida por vezes exige, me fazem crer que ainda tenho muito para dar. Não são acasos este tipo de encruzilhadas e sinto-me especial por isso.
Num certo dia, numa rua pacata da cidade eterna, dei de caras com a ‘Via dei portoghesi’. Que coincidência! Expresso sempre o meu orgulho na minha nacionalidade e vaidosamente passeava por aquele pequeno troço de rua, pelo qual me fez mostrar que Portugal ainda não é um cantinho totalmente esquecido. Curiosamente, observo um senhor, já com as suas rugas vincadas de história. Adjetivei-o, perspicazmente de Janota. O meu olho mecânico captou-o logo e ele não percebera. Passados uns segundos de consciência cívica, porque não me posso ousar fotografar desta maneira desconhecidos, pedira-lhe para o fotografar. Surpreso, sorrira e dissera-me que o acompanhasse. Com toda a tranquilidade, o fiz. Entrei numa barbearia retro, mas não tão bonita como o meu protagonista. Falou-me que, agora reformado, trabalhara toda a sua vida lá e, para meu espanto, fez parte do elenco do filme “Eat, pray, love”, onde contracenou com a emblemática Julia Roberts. Um filme ‘light’, como lhe chamo, mas inspirador. Retrata uma mulher, na doçura dos quarenta, que acredita que nunca é tarde para se redescobrir e para encontrar a essência da vida. Como era de imaginar fiquei maravilhada com toda a envolvência. Não só por rodopiar numa rua que faz jus ao meu povo, como foi palco de um filme que toda a gente já ouviu falar.

As coincidências nunca serão só coincidências. São razões desconhecidas, onde de lá de cima, os astros conspirarão a nosso favor neste filme que é a vida.

P.S.: Não sou nenhuma Julia Roberts, mas o senhor Janota quis tirar uma fotografia comigo, assim como fez com aquela giraça. Toma lá, Julia ;) 
















                  

terça-feira, 1 de março de 2016

Roda gigante

Por muito que não queiramos somos moldados pelo tempo. Não o tempo como uma quarta dimensão que nos deforma com a sua passagem, fazendo o presente imediato, passado. Mas sim, como bacia de transformações sociais que modificam cada pessoa ao nível dos seus sentidos e emoções.
O que hoje é ótimo, e o que achamos neste, ou naquele mais próximo, poderá tornar-se no horripilante, na raiva e na distância. O que dantes era amor, já não passa de uma memória feita de saudade. Por outro lado, o tempo também nos converte para uma vertente mais madura. O que dantes não era nada, agora é tudo. O que dantes, este ou aquele era incompatível, torna-se na nossa fonte de inspiração e de evolução. À primeira vista nada é perfeito, mas é possível admirar, como diz Miguel Esteves Cardoso, “como é linda a puta da vida”, e a roda gigante de sentimentos e emoções que nunca imaginaríamos ter na nossa corrente sanguínea.

Viver será sempre perspetiva, no tempo e no espaço, esculturando - nos à sua medida.  

 
London Eye - Londres - Abril 2015