Tenho o privilégio, de uma vez ou
outra, de ser embrenhada por pessoas cuja histórias de vida são
extraordinárias. Pessoas que só pela sua aura me enchem o coração e só pela sua
ternura, no seu andar vagaroso que a vida por vezes exige, me fazem crer que
ainda tenho muito para dar. Não são acasos este tipo de encruzilhadas e
sinto-me especial por isso.
Num certo dia, numa rua pacata da
cidade eterna, dei de caras com a ‘Via dei portoghesi’. Que coincidência!
Expresso sempre o meu orgulho na minha nacionalidade e vaidosamente passeava por
aquele pequeno troço de rua, pelo qual me fez mostrar que Portugal ainda não é
um cantinho totalmente esquecido. Curiosamente, observo um senhor, já com as
suas rugas vincadas de história. Adjetivei-o, perspicazmente de Janota. O meu olho mecânico captou-o
logo e ele não percebera. Passados uns segundos de consciência cívica, porque
não me posso ousar fotografar desta maneira desconhecidos, pedira-lhe para o
fotografar. Surpreso, sorrira e dissera-me que o acompanhasse. Com toda a
tranquilidade, o fiz. Entrei numa barbearia retro, mas não tão bonita como o
meu protagonista. Falou-me que, agora reformado, trabalhara toda a sua vida lá
e, para meu espanto, fez parte do elenco do filme “Eat, pray, love”, onde
contracenou com a emblemática Julia Roberts. Um filme ‘light’, como lhe chamo,
mas inspirador. Retrata uma mulher, na doçura dos quarenta, que acredita que
nunca é tarde para se redescobrir e para encontrar a essência da vida. Como era
de imaginar fiquei maravilhada com toda a envolvência. Não só por rodopiar numa
rua que faz jus ao meu povo, como foi palco de um filme que toda a gente já
ouviu falar.
As coincidências nunca serão só coincidências.
São razões desconhecidas, onde de lá de cima, os astros conspirarão a nosso
favor neste filme que é a vida.
P.S.: Não sou nenhuma Julia
Roberts, mas o senhor Janota quis
tirar uma fotografia comigo, assim como fez com aquela giraça. Toma lá, Julia
;)